O REALISMO MARGINAL RACIAL BRASILEIRO (The brazilian racial marginal realism)

Authors

  • Luciano Góes Universidade de Brasília (UnB), Brasil

DOI:

https://doi.org/10.52729/npricj.v1i2.21

Keywords:

Criminologia brasileira, Realismo, Racismo, Genocídio , Criminología Crítica

Abstract

A construção do Brasil como um mundo branco1, consolidou a condição dos negros como não-humanos a partir do racismo, ideologia ontológica, estruturante, estrutural e condicionante que tangencia toda sua história, responsável pelo maior, mais duradouro e mais importante sistema escravagista do mundo, foram mais de 370 anos objetificando 40% do total de negros sequestrados desembarcados no continente americano até 1850. Imprescindível, portanto, falarmos em “raças”, conceito biologicamente falso, mas verdadeiro enquanto construção sociopolítica objetificante transformada em instrumento identitário, de resistência e conscientização.
A partir desse contexto, questionamos: podemos, para uma Criminologia brasileira, identificar sua “clientela” penal em termos de cor, raça e classe social, bem como as vítimas daquele genocídio, sem situarmos o racismo na construção de sua realidade Objetivamos explicitar o controle racial-social marginal brasileiro e seu racismo, mantido praticamente incólume ao não ser identificado/nomeado, reforçado constantemente pelo conto da democracia racial e pulverização da questão racial, práticas que ignoram o condicionamento que o fator raça exerce sobre os “Direito Penais” brasileiros. Assim, partimos de um realismo marginal racial onde racismo e genocídio são as pedras angulares, os dois lados de uma mesma moeda forjada para a exclusão dos indesejados para quem a violência estatal fora direcionada, impulsionada e presente cotidianamente, naturalizada a ponto de se tornar quase imperceptíveis apesar da herança marcada a ferro em mais da metade de uma das maiores populações negras do mundo.
Desvelar o racismo brasileiro e suas legitimações sucessivas significa reconhecer o processo político genocida ininterrupto transformando-o em projeto político de conscientização racial, uma posição contra-hegemônica que rompe a dependência teórica central e com a velha tradição das traduções, fomentando o impulso transformador para concretizar as promessas de uma abolição profundamente falsa.

Author Biography

Luciano Góes, Universidade de Brasília (UnB), Brasil

Doutorando em Criminologia na
Universidade de Brasília (UnB), Brasil.
Professor do curso de Pós-Graduação
(especialização) em Criminologia do
Instituto Brasileiro de Ciências Criminais
(IBCCRIM).Correo electrónico:
lglucianogoes@ gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-6033-4964

Published

2018-01-01 — Updated on 2023-02-26

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